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A CENTENÁRIA QUE SE VAI

Atualizado: 15 de fev. de 2021

Uma reflexão sobre a Saída da Ford


A notícia sobre o fechamento das fábricas da Ford no Brasil repercutiu muito além do mundo automotivo. O impacto, em termos de perda de empregos é um razoável múltiplo das 5.000 vagas dos celetistas da montadora. Mas, o que levou uma empresa, com raízes centenárias no Brasil a sair? Vamos analisar alguns fatores.

 

Portfólio...


1) A Ford nunca entrou com os “dois pés” na porta do mercado. Seus produtos no Brasil, com exceções, sempre continham adaptações, levando alguns itens diferentes (inferiores ?) aos do projeto original. Herdou o projeto do Corcel, ao adquirir a Willys Overland (aliás, o original era do Renaut R12);


2) O Galaxie aqui (um lançamento que causou espanto na nossa terra subdesenvolvida) não aproveitou os motores americanos, preferindo colocar a unidade do seu caminhão fabricado no Brasil;


3) O Maverick Brasileiro tinha inicialmente o motor “esquentadinho” e obsoleto do jurássico Aerowillys (que já vinha, aliás do Jeep);


4) O Corcel II foi uma bela evolução, mas não deixava de ser a base e mecânica do antigo; Del Rey, um Corcel II (extremamente, diga-se de passagem) bem-acabado, mas com pouco espaço traseiro para Carro de Luxo;


5) O Escort herdava o motor do Corcel, com aperfeiçoamentos (o CHT); a Autolatina não rendeu produtos maravilhosos, embora bons (Versalles, motor VW AP...);


6) O Escort Zetec e Focus era ótimos (com excelente motores e comportamento dinâmico), mas vinham da Argentina (idem para a Ranger);


7) Tá bom...o Fiesta era um bom projeto; e ainda deu origem ao Ecosport, que inaugurou o segmento dos SUVs pequenos, mercado que ficou nas mãos da Ford por muitos anos. Depois dele, a Ford começou a dormir no ponto e ainda cometeu erros sérios, como por exemplo, trazer o problemático câmbio Powershift, que torrou os filmes do Fiesta e do Focus...


8) Por fim, sobravam um Ecosport antigo (ainda com Estepe na tampa do porta-malas) e o Ka; bom carro, mas que, por ser de um segmento de entrada, não trazia a rentabilidade amada...a Ford não correu atrás nos últimos anos (sim; há espaço para bons projetos aqui. Que o digam Honda, Toyota, Hyundai, FCA / Stellantis e até CAOA).


Brasil...


Um País muito difícil de empreender; Impostos obscenos, Sindicatos complicados; Infraestrutura péssima; Custos (Energia, combustíveis para frete, etc.) escorchantes...essas questões sempre eram equacionadas com muita conversa (leia-se subsídios) com o Governo. Um expediente artificial, que não tem como durar para sempre...


Ford no Mundo...


A montadora entendeu que estava atrasada e resolveu focar nas tendências: SUVs e Picapes; Elétricos/ Eletrificados. Não havia mais tanto espaço para Sedãns (Focus, Fusion,...) e carros de entrada; ainda mais em países que são sempre uma loteria para o planejamento estratégico de uma empresa.


Enfim. uma pena; no Brasil, a Ford era referência em bons pontos. Acabamento interno (sempre primoroso) e luxo (Galaxie) até os anos 90; década, aliás que começou a vender carros muito bem acertados dinamicamente. Deixa saudades, mas para quem tem mais de 40 anos...

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