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A GRAVATINHA EM VÁRIOS TRAJES

Uma Breve História da GMB


Houve uma época em que montadoras no Brasil eram como um clube de futebol para o seu público / torcedor fiel. Assim, em determinada época (dos anos 70 até os 90) a Ford arrebatava fãs pelos seus carros mais confortáveis e bem-acabados; a VW puxava o coro do pessoal que gostava dos projetos mais "germânicos" e veículos resistentes. A GM soube conciliar os dois.

Lançou o Opala em 68. Um híbrido de projeto europeu (carroceria do Opel Rekord) com americano (motor do Chevrolet Impala... pensou que o nome fosse em homenagem à uma pedra preciosa ?). Tornou-se uma lenda, com muitos fãs. Quando acabou de ser fabricado, em 92, deixou literalmente milhares de viúvos inconformados.


Mas carros lendários não faltam neste portfólio da GM Brasil.


Em 73, lançou aqui um projeto mundial, 6 meses antes da Europa e Estados Unidos. Aquela geração do Kadett (no Brasil, Chevette) fez muito sucesso, apesar de ser mais apertado e convencional que alguns carros da concorrência.

Em 82, colocou nas ruas brasileiras o Opel /Vauxhall Ascona. Batizado de Monza, o primeiro carro verdadeiramente mundial (era o projeto "J" e itens produzidos em várias partes do mundo) revolucionou, com uma sensação de conforto de rodagem, silêncio e estabilidade direcional inéditas. O concorrente Passat já tinha este último atributo, mas era bem mais durinho; o Corcel era confortável, porém mais "molenga"...os motores (do primeiro e insuficiente 1.6 até a unidade que estabeleceu a "cultura 2.0" no Brasil) foram até exportados para os EUA . Soluções bem modernas, que evoluíam mais ainda no carro tornaram o Monza, lá por meados dos anos 80 "o" carro desejado pela classe média/alta (Santana correndo em paralelo, mas sempre com a filosofia alemã, que muitos não curtiam). Confortável, moderno e muito resistente.


A tal da combinação que citei no início.


Muitos desejavam um Monza Classic, com o famoso trio elétrico + ar (aliás, foi um dos carros que carros que disseminou este patamar de desejo para o consumidor) e acabamento todo aveludado no interior. Ou um SR, com soluções esportivas de verdade.


Em 89 lança (ok...com 5 anos de atraso, em relação à Europa) o Kadett. Muito bacana também. A sua versão GSI, junto com Gol GT e XR3 tornaram-se objetos de desejo de 3 entre 3 jovens brasileiros.


Mas foi na década de 90 que a GMB atingiu seu apogeu. Uma enxurrada de lançamentos, todos derivados de excelentes projetos Opel (rapaz...que empresa, essa alemã...); só fez aumentar a fama e admiração. Conforto e Resistência...


O Omega, dentro dos parâmetros de excelência de sua época, é certamente um dos melhores carros fabricados no Brasil (quem faria aqui um carro com a proposta do Omega, hoje em dia ?), em todos os tempos. Lançado em 92, apesar de ser um projeto dos anos 80, simplesmente não tinha medo da concorrência, no recém-aberto mercado dos importados.


E com o Vectra A (montado no Brasil) , de 93, especialmente a sua versão GSI, fazia-nos crer que, de fato acabou a diferença para os estrangeiros.

O Corsa B, lançado em 94 também matou um paradigma. Carros populares poderiam ser muito bem-acabados , tecnológicos e ter o conforto de rodagem de veículos superiores. Formaram-se longas filas e ágio de mais de 50% para comprar este carrinho.


O Astra Belga 95 (com motor nacional) era espetacular. Conforto, desempenho e inquebrável. Pena que as alíquotas de importação subiram bruscamente.


O Vectra B, em 96 fez cair o queixo de todo mundo. Literalmente, era "a" nave espacial da época. Trazia primazias: air bag (ok, Fiat; há controvérsias...), controle de tração, multilink na traseira, etc. Era belíssimo e luxuoso. Mais fila de espera...

O Astra 98 também era muito bom. Mas a GMB começava a não mais equiparar os seus carros aos equipamentos europeus. O motor, por exemplo ainda era o Familia 2 (Monza). Tudo bem. Ainda eram veículos admiráveis.

A Zafira era um Astra Minivan. Um projeto Opel, com soluções muito elegantes e bacanas, firmando parcerias até com a Porsche no projeto (de envergonhar a "atual" Spin). E tome de robustez...


Já nos anos 2000, os últimos suspiros que fariam jus à lenda. A Meriva (um "pão de forma" bem funcional) e o Corsa C.


Depois disso, a queda. Não investindo em bons projetos no Brasil, assistimos ao lançamento de verdadeiros retrocessos: Celta, Vectra 2006, Agile,.... nos anos 2010, imersa em uma crise financeira, assumiu mais tosquices : chegava a família "Capivara" (Cobalt, Spin,...)...projetos simplificados , com o motor do Corsa de 1994 (o Familia 1).


Ok; o Cruze se salvava. Um projeto oriental; bom carro, mas que não se destacava, frente à dupla dinâmica japonesa Civic / Corolla.


O mundo é outro hoje. Seus carros podem ser projetos chineses (Nova família Onix), oriundos de projetos antigos ou importados. Não há mais a personalidade, tal como existe para quem é fã de produtos Tesla, por exemplo. Vale ressaltar que a cultura de torcida para montadoras diminuiu muito. O povo hoje é menos passional e muda de marca mais facilmente, de acordo até com fatores externos (Meio Ambiente, Compliance, Responsabilidade Social...)


Mas, só pela bela historia, a GM vale a justíssima menção no panteão da nossa indústria automobilística.

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