Sim. No futuro, os carros serão diferentes...elétricos, híbridos, célula de hidrogênio (para mim, a tecnologia disponível mais bacana)...mas enquanto ainda estivermos comprando veículos com motores à explosão, vale destacar uma década em que vários sistemas foram substancialmente aperfeiçoados. Não que as tecnologias já não existissem, mas, via de regra, elas foram massificadas nos anos 90. E vários destes sistemas continuarão sendo empregados. Vamos dividir esta evolução pelas partes do automóvel.
Carroceria:
Foi uma época de muita criatividade e liberdade para carros fabricados em série; ousava-se com, por exemplo, os conceitos sem cantos e ovais dos carros da Ford (Mondeo, etc.); com pequenos e charmosos roadsters (Mazda Miata, BMW Z3); com muito arrojo em esportivos “acessíveis” (Mitsubishi 3000 GT ou Subaru SVX); com carros subcompactos, (Corsa B ou Fiesta); formas muito aerodinâmicas, porém sem perder a funcionalidade (Opel Vectras A e B); aproveitamento de espaço (como o Cab Foward, da Chrysler); os futuristas Citröen, etc...
Interior
A engenharia de materiais, principalmente para polímeros e elastômeros possibilitou superfícies no interior agradáveis ao toque, por um custo razoável; mais moldáveis e que por isso poderiam compor um interior mais próximo ao desejo de projetistas.
O Próprio processo de fabricação de painéis de porta, tabliers, forrações de tetos e laterais foi aperfeiçoado, sem tanta intervenção manual (costuras, colas, etc.) possibilitando a montagem de bonitas peças, a preços mais adequados.
Suspensão
Conjuntos mais complexos e eficientes tornavam-se mais “populares”: Multilink (Vectra B, Croma, etc.); Braços sobrepostos (Civic); Eixos esterçáveis na traseira (Citröen), etc.
Suspensões independentes nas 4 rodas (claro, já existiam os prosaicos eixos do Fusca, do Fiat 147, do 2CV, por exemplo) deixaram de ser exclusividade de carros mais caros.
A aperfeiçoamento da tecnologia do aço tornou o eixo de torção traseiro (solução mais barata, empregada na maioria dos carros) um conjunto bem eficiente para veículos não-esportivos, combinando conforto com boa dirigibilidade / estabilidade, algo que sempre foi um paradoxo...
Freios
Mais carros adotavam a solução do freio a disco no eixo traseiro; o ABS rapidamente disseminou-se, seja por conta da obrigatoriedade por lei, seja por conta da fabricação em massa, o que barateou a tecnologia.
Estrutura
As pesquisas sobre aços mais leves e resistentes avançavam. Longarinas mais finas, porém que absorviam muito mais energia em um impacto; cabine mais protegidas e isoladas do resto da estrutura, barras de proteção nas portas, etc.
SUVs
O aprimoramento do conjunto de suspensões favoreceu o surgimento de SUVs com dirigibilidade mais segura, a despeito de ainda estarem bem distantes de veículos “baixos”. Os Ford Explorer e Jeep Grand Cherokee, por exemplo ainda eram instáveis, mas já permitiam ao motorista a sensação de estar em um carro, não em uma picape ou caminhão.
Minivans
De repente, a base de automóveis compactos e médios foi utilizada em veículos com maior espaço vertical. O ponto hip dos bancos foi elevado, aumentando o espaço para pernas e cabeças. Este carro racional abocanhou uma boa fatia de mercado, principalmente para famílias.
Câmbio
Para câmbios automáticos, a durabilidade aumentou; sistemas com, no mínimo 4 marchas tornaram-se mais baratos, possibilitando carros com motores menores (isto é, sem tanto torque em faixa útil...câmbios com 3 marchas não se aplicam bem a estes tipos de motores) serem equipados com estas caixas, com preços mais adequados.
A barreira do câmbio manual de 5 marchas foi quebrada; mas aí vai uma ressalva... não tanto por causa da tecnologia, mas por conta de um escalonamento mais adequado, de acordo com potência e torque do motor, peso do veículo, utilização, etc.
Motores
Alimentação: Sistemas de Comando de válvulas foram aperfeiçoados: roletados; com abertura e levantamento variáveis (VTEC, VVTI, etc.)...os motores multiválvulas deixavam de ser preguiçosos em baixa rotação e se tornavam mais elásticos e amigáveis em condução normal. Surgiam os coletores de admissão com geometria variável; a tecnologia começava a solucionar o problemas dos turbocompressores (principalmente durabilidade e turbolag), com turbinas menores, de geometria variável; o intercooler para turbo começou a ser mais comentado pelos entusiastas. A capacidade de processamento da ECU deu um salto nesta década, possibilitando o gerenciamento mais eficiente da injeção de combustível e do ponto de ignição. Sensores (sonda lambda, etc) tornaram-se itens produzidos em massa.
Foi o começo da troca mais massiva de motores de grande capacidade volumétrica por blocos menores e mais eficientes, que se tornavam amigáveis e satisfatórios para a ampla faixa de exigência dos consumidores.
A eletrônica avançava. Os primeiros conceitos de sistemas multiplexos eram incorporados à produção em série.
Óleos sintéticos e semissintéticos ficaram mais ao alcance de motores mais simples.
Faróis
Nesta década, faróis com superfície complexa e lente de policarbonato surgiram e se popularizaram, diminuindo a extensão de ferimentos em atropelamentos, melhorando a faixa de iluminação e permitindo o desenho de faróis mais estreitos e desenhos mais ousados.
Segurança Passiva
Air Bags foram definitivamente incorporados; cabines, como acima citado tornaram-se mais próximas ao conceito de Célula de Sobrevivência.
Durabilidade
A confiabilidade alcançava níveis bem satisfatórios; não mais seria, por exemplo preciso andar com uma garrafa de água no porta-malas, pois os sistemas de arrefecimento eram mais robustos; um proprietário comum perceberia que existe um conjunto mecânico embaixo do capô somente quando levasse o carro para uma revisão...parece algo banal, mas viajar longas distâncias seria bem mais tranquilo para o motorista. Recalls se tornavam praxe e sinal de respeito ao consumidor.
Este artigo não pretende esgotar o assunto. Foi uma passada geral sobre anos (dentre muitos e muitos) interessantes na indústria do automóvel...
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Marcelo Altomare
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